O MANIFESTO DAS PESSOAS SOLTEIRAS

No outro dia estava a ler o flyer de um bar em Santos (Lisboa) e reparei que organizavam Festas de Solteiro… Já não é a primeira vez que ouço falar nelas mas nunca fui convidada para nenhuma … Segundo a PORDATA (censos 2021) a tendência no nosso país é para o aumento de divórcios e uma diminuição de casamentos. Ao mesmo tempo não são menos frequentes perguntas e frases motivacionais (ou completamente desnecessárias como preferirem chamar) como: ” e tu quando é que assentas”, ” ainda vais encontrar alguém” ,” porque não instalas o tinder ” ” e aquele teu amigue de há 40 mil anos atrás” como se estar sozinhe fosse um problema e não uma conquista. 

O presente artigo merece ser lido por todes, solteires, viuves, divorciades, casades , namorades amigues e familia mas é especialmente dedicado a navegantes solo : que nunca se sintam sós, inferiores ou menos merecedores de prazer amor e respeito.

“I LOVE MY SINGLE LIFE”

Disse Marie Babare Edwards (1920-2009) psicóloga e pioneira no conceito de “orgulho solteiro nos anos 70, através da escrita e de workshops neste tema.

Na sua obra mais conhecida , “O Desafio de Ser Solteira” 1974, Marie Babare Edwards publica o que nos trás aqui esta semana: “The Singles Manifesto” . Uma importante ferramenta de check up pessoal e de afirmação social recentemente traduzido e adaptado por Carmo G. Pereira, ativista e educadore feminista sexpositive e LGBTQIA+ português que disponibiliza este e outros conteúdos educacionais bem como outros serviços e soluções seguras ao bem-estar das varias sexualidades e configurações relacionais no seu site www.carmogepereira.pt

O seguinte manifesto é uma adaptação e tradução do texto original “The Singles Manifesto” traduzido e adaptado por Carmo Ge Pereira e extraído do seu site oficial, clique aqui para ver o artigo completo.

O MANIFESTO DAS PESSOAS SOLTEIRAS

PREÂMBULO: Enquanto a palavra escrita e falada sobre pessoas solteiras tem sido e continua sendo de tristeza e desgraça, inverdades e desinformação, nós, pessoas solteiras dos Estados Unidos – divorciadas, separadas, viúvas e nunca casadas – para enterrar os mitos, estabelecer as verdades, elevar nossos espíritos, promover nossa liberdade, conhecer a nossa grande sorte como pessoas solteiras, decretar e estabelecer este manifesto para as pessoas solteiras dos Estados Unidos da América.

ARTIGO I Atitude em relação a si mesma:

1. Como solteira, apreciar-me-ei como uma pessoa única com uma combinação especial de características e talentos que mais ninguém tem.

2. Desenvolverei e manterei um auto-respeito saudável e um alto senso de auto-estima, sabendo que não posso respeitar e gostar des outres até que eu primeiro me aprecie.

3. Eu sempre assumirei responsabilidade pelas minhas próprias ações, sabendo que a responsabilidade começa dentro do meu próprio eu.

4. Esforçar-me-ei por pôr todos os meus talentos a trabalhar para que possa eliminar qualquer sentimento residual, socialmente induzido de inferioridade, sabendo que quando me dou a outres, a minha auto-estima aumentará em conformidade.

5. Terei objetivos, sabendo que sentirei uma sensação de euforia e auto-estima elevada quando o objetivo for alcançado.

6. Dar-me-ei recompensas quando tiver cumprido uma meta ou tarefa difícil, sabendo que quanto mais praticar o espírito de me dar, mais serei capaz de dar a outres – e recompensas, como a caridade, começam em casa.

7. Olharei para a solidão de uma forma totalmente nova, sabendo que existe uma grande diferença entre solidão e estar só, percebendo ainda mais que a solidão é parte da condição humana e que enfrentá-la quando acontecer me permitirá apreciar o lado positivo de estar só.

8. Saberei, nos meus sentimentos mais profundos, que não há problema em estar solteira e, tornando-me mais corajosa, saber que é ainda mais do que normal – pode ser uma grande e inexplorada oportunidade de crescimento pessoal contínuo.

ARTIGO II Atitude para com as outras pessoas:

1. Pararei de procurar a pessoa “única e exclusiva”, sabendo que à medida que me tornar mais livre para ser eu mesma, serei mais livre para me preocupar com outres, para que as relações venham a mim como uma consequência natural e me sinta livre para aceitá-las ou rejeitá-las.

2. Em vez de procurar a pessoa “única e exclusiva”, vou perceber a tremenda importância das amizades e vou desenvolver amizades que valham a pena, tanto do mesmo género como de outros. Perceberei que as amizades platónicas não são apenas possíveis, mas uma parte necessária de uma vida solteira bem sucedida.

3. Vou fazer um inventário das pessoas minhas “amigas” atuais, ignorando aquelas que são negativas e prejudiciais e cultivando aquelas que são úteis e nutritivas.

4. Quando frequentar um encontro de pessoas solteiras, considerarei as pessoas solteiras que lá encontrar como potenciais amigas, e não como “perdedoras”, sabendo que minha atitude colorirá minha percepção, mesmo antes de entrar pela porta.

ARTIGO III Atitude para com a sociedade:

1. Apreciarei que todas as quatro categorias de pessoas solteiras – divorciadas, separadas, viúvas e nunca casadas – sofrem discriminações semelhantes e que somos muito mais parecidas do que diferentes, não importa a nossa idade e identidade de género.

2. Eu apreciarei que a chamada batalha dos sexos é um mito social, que homens e mulheres são muito mais parecidos do que diferentes na sua reação ao medo, rejeição, solidão, tristeza, alegria, carinho, partilha e amor, e que, como pessoas solteiras, temos uma oportunidade única de fomentar a compreensão e empatia entre pessoas.

3. Não mais sofrerei em silêncio as injustiças que me são infligidas como pessoa solteira, mas farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar a erradicá-las.

4. Eu, ao escolher viver uma vida livre e solteira, estarei a ajudar a elevar o estatuto de solteira. Ao fazer isso, estarei a fortalecer em vez de enfraquecer o casamento, pois quando realmente tivermos a opção de não casar, o casamento será visto como uma escolha livre em vez de uma exigência de uma sociedade em união de facto.

5. Finalmente, farei minha parte de todas as maneiras para promover a boa vontade entre pessoas casadas e solteiras, porque os mal-entendidos só diminuirão quando cada um de nós, como ser humano único, perceber que ser consciente de si mesmo, autónomo, livre, auto-realizado e inteiro não tem nada a ver com ser casado ou solteiro, mas, em última análise, provém de sermos nós mesmos.

De Marie Babare Edwards (1920-2009) traduzido adaptado e publicado por Carmo G. Pereira a 15/02/2021

Por CRSex

a celebrar a sexualidade

Uma opinião acerca “O MANIFESTO DAS PESSOAS SOLTEIRAS

  • soporprazer

    Ora nem mais, um não quer dois não tem.
    Mas quando os dois querem….
    E claro, preservativo sempre… Sejam felizes 😁😜


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