3 retratos cinematográficos que reclamam a sexualidade da mulher depois dos 50  

Qual foi o ultimo filme que viu em que a personagem principal era uma mulher com mais de 50 anos?

“Envelhecer também não faz parte da minha lista de coisas preferidas, contudo a inevitabilidade biológica é o que é, aceitemos e sigamos em frente. Importa talvez ter talento para viver.”

Patrícia Reis

Começa por dizer Patrícia Reis num artigo de opinião sobre a nova temporada de ” Sexo e a Cidade “, uma premissa para pensar a falta de representatividade cinematográfica, barra, interesse social na mulher a cima dos 50. 

“Um estudo recente analisou os filmes com melhor bilheteira na Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos da América. Intitulado “The Ageless Test”, o estudo concluiu que mulheres com mais de 50 anos têm maior probabilidade de ser escolhidas para papéis secundários, muitas vezes descritos como solitários e depressivos. Em vez de interpretarem personagens com vidas entusiasmantes e sólidas, servem apenas de “âncora” narrativa para os restantes actores, obviamente, mais novos”

Patricia Reis

Como é que a Carrie Bradshaw deixa de ser hot and fab ?

Se a sexualidade da mulher jovem adulta é um dos temas favoritos do cinema, das novelas, da literatura e até da publicidade… Como é que o envelhecimento da musa se torna motivo de gozo, evitamento, ou pior dos casos mas não menos frequente, problematização ?

Parece-me a mim reflexo de uma sociedade machista que ainda vê na mulher um valor puramente sexual, inspirador que reside numa juventude inalcansável, perigoso para as mais novas e para as mais velhas.

Identificando-me como mulher e na casa dos 20, este é o tipo de artigo de opinião que a mim também me interessa. Afinal o corpo é o mesmo, a idade é que não.

Como será o futuro da minha auto-estima, da minha sexualidade ? Onde a poderei resgatar quando me faltar e em que exemplos me posso apoiar? Como posso proteger-me desta pressão e por outro lado do afastamento social que parece ter sido destino das Bradshaw?

Fiquei a pensar, “quais foram os últimos filmes que eu vi em que a personagem principal tinha mais de 50 anos e se identificava como mulher ? “.

“X” (Ti West, 2022) foi o primeiro filme que me veio a cabeça. Um filme de terror que tem a mulher jovem como heroina e a mulher velha como vilã. Não é o melhor exemplo, afinal é mais um retrato da bruxa que tenta sugar a juventude apetecível da jovem. Assenta exatamente nesse papel solitário depressivo e neste caso desesperado da mulher mais velha sexualmente insatisfeita. Não deixa de ser uma boa referencia : afinal ilustra perfeitamente o tema levantado por Patrícia Reis no seu artigo.

Mas não me contento com um “mau exemplo” e iniciei então esta nova coleção de representações positivas da sexualidade da mulher na idade avançada. Segue o meu primeiro top 3 :

  • Une Dernière Fois de Olympe de G. – Um porno mocumentário…Salomé, a personagem principal decidiu acabar com a sua vida. Fixou a data, será dentro de seis meses. Até lá, o que lhe interessa, acima de tudo, é organizar a sua última vez, a última vez em que terá sexo. Ela quer dar a este momento ainda mais importância da que deu à sua primeira vez afinal esta é a maneira mais próxima de nos sentirmos vives.
  • Boa Sorte, Leo Grande de Sophie Hyde .- Este é uma comédia e ainda está disponível no cinema! Nancy Stokes, a personagem principal, é viúva e acabou de se reformar. Apesar de se sentir agradada com a sua existência, há algo que sente ter-lhe faltado: uma vida sexual satisfatória. Agora que não tem contas a ajustar com ninguém, decide vivenciar uma noite de sexo para se sentir verdadeiramente plena. Para isso, reserva um quarto de hotel e contrata um profissional à altura das circunstâncias.Esta obra foca-se naquilo que é o inicio de uma nova fase sexual para esta mulher e por outro lado desmistifica também o trabalho sexual protagonizado por um homem jovem. 2 em 1 !
  • Acenda a Luz de Paula Sacchetta e Renan Flumian – Uma curta documental em português ! “Acender a luz tem a ver com aceitar a idade, o corpo e entender que não há uma limitação” conta a realizadora á Vogue Brasil. Uma mulher de 60 anos abre a porta a sua intimidade e partilha a sua mais atual viagem pelo prazer e pelo amor ao seu parceiro, uma delícia documental de apenas 11 minutos mas que vale anos de vida.

Somos todes parte desta aventura de viver e é do interesse de todes combater estes prazos de validade fictícios que brincam com os nossos sentimentos.

Espero que me possam ajudar a completar esta coleção de retratos positivos da sexualidade na idade avançada de pessoas (não apenas mulheres cis !) e que desfrutem das minhas sugestões 😘

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Rebeca Verde

Por CRSex

a celebrar a sexualidade

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